quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Desastres Culinários

Apesar de não ser uma ótima cozinheira (tá... vai, uma péssima!)quando eu sinto fome e não tem nada instantâneo em casa (tipo pão, bolacha, coisas que é só tirar do armário e comer) me obrigo a cozinhar. E o pior: ao contrário de fazer coisas básicas, sempre invento algo que é para pessoas mais avançadas culinariamente.
Deixando a minha modéstia de lado, meus doces ficam ótimos! Faço tortas de maçã, morango com chocolate, limão e até a holandesa eu já fiz. Porém, nem sempre foi assim. O meu problema, era a nega-maluca. Aquele bolinho "simples" de chocolate, que adoro. O fato é que minhas negas-malucas nunca cresceram. Eu podia encher a massa de fermento, não colocar água quente, abrir o forno só depois de 40 minutos (todos esses erros básicos eu já cometi!) que ela sempre ficava murchinha, murchinha. Até que um dia, encontrei receitas de petit gateau e de brownie. Resolvi testar o brownie. Fiz com todo amor e carinho, lendo bem a receita e tomando muuuito cuidado para o meu lado desastrada não entrar em ação. Bolinho pronto, delicioso - deu certo!
Enquanto eu estava lá, a admirar um dos meus primeiros desafios culinários que deu certo, chega meu querido irmão, dá uma olhada, faz uma cara mista de reprovação e pena e..."Poxa Amanda, tua nega-maluca não cresceu de novo!"
Isso sem falar nos meus almoços-desastres. Por mais que eu tentasse agradar e fazer comidinhas deliciosas, nem a minha lasanha de micro-ondas ficava comestível. Certa vez, eu queria fazer um macarrão à carbonara, justamente para impressionar e tentar retratar minha fama de péssima cozinheira. Procurei a receita na internet, achei simples e fui para a cozinha. Na minha cabeça, errar um macarrão era impossível. Quando servi, ele estava uma gosma. Sabe aquele barulhinho nojento que gosmas fazem quando mexe? É, ele estava assim. Todo mundo olhou, alguns tentaram comer, até que a mãe levantou e foi procurar restos de comida na geladeira. Não sei o porquê de preferirem comida requentada ao meu "delicioso" macarrão.
Outra vez, decidir fazer um strogonoff. Outro prato que sempre pareceu tão simples e eu sabia que todo mundo gostava. Peguei a receita, segui todos os passos e... não deu pra comer. Nem eu conseguia. Faltou sal, ficou líquido, o creme de leite ficou todo desmanchado. Mesmo assim, todos estavam "tentando" comer, pelo menos para me deixar feliz. Até que o mano, não aguentando mais aquela gororoba, não resistiu: - Amanda, você vai ficar muito chateada se eu comer um sanduba?
- Depende mano...se você não preparar um pra mim, eu vou!
E o almoço continuou super feliz, com a família unida comendo sanduíches olhando para um prato frustrado de strogonoff!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Manhê

A garota, no auge dos seus 15 anos, chega a casa. Ela está nervosa, ansiosíssima e precisa conversar com sua mãe.
- Manhêê!Precisamos conversar...acho que é sério!
- Fala filha. Aconteceu algo?
- É que mãe...tá atrasada!
- Quem? A tua amiguinha que vinha aqui?
- Não mãe! Tá atrasada!
- MEU DEUS! Quantos meses filha?
- Dois mãe.
- E como você só me conta isso agora? Teu pai vai enlouquecer!
- Mãe, isso é um problema feminino, não conta pra ele!
- Esse atraso só pode significar uma coisa...
- ...MENOPAUSA mãe!
- Mas, nessa idade? É normal?
- Claro mamãe... e dizem que no máximo em nove meses tuuudo volta ao normal!

É... a velha arte de enrolar os pais!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Homens e Moda

Calma leitores, antes que comecem a pensar que será apenas mais um texto mala sobre novas tendências de moda, tentarei explicar.

Certo dia (ou melhor, noite) estava eu e uma amiga em uma festa chata. Tão chata a ponto de as duas irem para fora do recinto (onde tocava um Dj chato e tinham pessoas chatas, dançando de um jeito chato) e começarem a discutir sobre os homens que já passaram em suas vidas. Chegamos a seguinte conclusão: homens são iguais à moda. Talvez pelo fato de irem e voltarem, da mudança brusca de super brega para fashion ou até mesmo pelo fato de existir um momento em que você está totalmente enjoada, não aguenta mais aquela roupa e, de repente, sentir uma vontade inesperada de usá-la (a roupa, claro!), mas ela já não estar mais em suas mãos.

Enfim, descobrimos que toda garota tem o seu pretinho básico. Aquele mesmo, que independente da situação, sempre cai bem. Fica lindo de qualquer jeito e faz você se sentir perfeita. Também existem os ultrapassados, que já foram modernos, mas hoje são um terror! Quem não se lembra do vestido com aquela ponta na diagonal e do conjuntinho estilo Carla Perez? Duvido que exista alguma menina que nunca tenha usado (e se achado o máximo com eles!). Tem também a calça de moletom. É inegável que é uma delícia ficar jogada em casa com ela, assistindo filminho e comendo chocolate. Porém, nenhuma mulher se sente bem com uma, por simples culpa da calça: ela não faz você se sentir como merece. Não posso esquecer daquela peça super estilosa, que demorou séculos para a aquisição. Você ficava admirando-a na vitrine, passava todo dia pela loja, imaginando o dia que finalmente estivesse em suas mãos. O dia chegou e, com muito esforço, era sua! O problema, é que de tão estilosa, você usou uma vez. Apesar de não ver a hora de usar de novo, era raríssima uma ocasião em que pudessem ficar juntos. E por último, tem aquele vestido chiquérrimo e deslumbrante, que faz você se sentir a mulher mais linda do mundo, uma miss. Quando o coloca, sabe que todos os olhares são para você. Pena que o lugar dele é dentro do guarda-roupa. Fica lá, escondidinho e quietinho por anos, retirado apenas para admirá-lo. Mas tenho certeza, que quando o dia certo chegar, ele estará lá - lindo e perfeito - prontinho para ser seu.

Enquanto o dia do vestido deslumbrante não chega, mexam-se meninas! Está na hora de uma renovação total de estoque. Afinal, já estamos na primavera-verão!

Ah... e meninos, com certeza, para alguma garota vocês são o vestido deslumbrante. Que tal sair do armário?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Magnificência

Lá estava ela, imponente com seu espírito de sedução, localizada na zona do crepúsculo. Seria ela nossa jóia de netuno? Senti uma inspiração poética.
Ao entrar pela primeira vez, percebi que seu vidro esfumaçado deixava transparecer o dia feliz em que estávamos vivendo. E mais: aquela atmosfera romântica reascendia a chama antiga de minha infância. A nostalgia tomou conta de mim. Senti a inspiração verdadeira quando percebi que a poeira solar invadia seus aposentos. Era o nosso tesouro descoberto. Do céu, caía uma lagoa de lírios, mas o sentimento, era o mesmo da deusa do pêssego andando pelos flocos de nuvem. Porém, o degelo da primavera chegou quando resolvemos que estava na hora da reforma. A vertigem apareceu no momento em que iniciaram os trabalhos. Uma inflamável ardência tomou conta de todos, ao perceber que as coisas não aconteciam do jeito imaginado. A festa das bruxas estava armada. Seria tudo ilusão?
Os desejos do coração serão atendidos. O sonho será realizado. Andaremos, em breve, pelo caminho das aceráceas, admirando a NOSSA casa bonita.

Obrigo-me a fazer uma pequena observação. Acredito que meus digníssimos leitores devem estar pensando: ou ela enlouqueceu de vez ou tem um motivo muito bom para justificar a escrita rebuscada e as palavras em negrito. Não foi dessa vez que eu enlouqueci. O motivo dessas palavras em destaque é simples: todas são nomes de cores de tinta. Inacreditavelmente deusa do pêssego é uma cor, assim como lagoa de lírios.
Antes de iniciarmos a reforma, eu achava que os nomes mais ridículos para cores eram os de esmalte (atração fatal e cherries in the snow", por exemplo). Após uma vasta pesquisa sobre tintas, cores e combinações, descobri que os nomes das tintas superam. Quem será que dá esses nomes? Será que eles conseguem imaginar a cor dos desejos do coração ou de uma atmosfera romântica? Eu não consigo.
Minha experiência com cores teve dois lados positivos:
1. Consegui construir um texto prosopopeico.
2. Adquiri um vasto conhecimento para jogar stop. E não quero ouvir nenhum "essa cor não existe!"

Leitores indignados com minha ausência, peço desculpas. Essa vida de design de interiores, empregada doméstica e futura médica veterinária em fim de semestre não me deixa tempo para mais nada. Também confesso que a inspiração anda baixinha, baixinha. Prometo que tentarei atualizar com mais frequência e agradeço a visita e os comentários de quem passa por aqui!

sábado, 31 de outubro de 2009

A triste história do meu nariz

- Amor... vamos ao boliche hoje?
- Tá louca Maria Helena?! Você está grávida!
- Mas eu to com desejo, quer que nossa filhota nasça com cara de bola de boliche? Vamos, por favor!
- Está bem, mas se acontecer alguma coisa, não vá dizer que eu não avisei.

***enquanto isso, no útero da Maria Helena***
- Que delícia essa placenta cheinha de líquido amniótico! Tão gostoso, tão quentinho! Hoje, pelo jeito vou conhecer um lugar novo, um tal de boliche. Que lugar barulhento! A mamãe só pode tá pirada vindo pra cá comigo. Bem que o papai avisou. Vou chegar mais pertinho da barriga, para ouvir melhor.

POFT! PLUFT! AAAAAAAAAAAAAAAAAII!

- Amor, você tá bem? Quem mandou ultrapassar a linha do jogo?
- Tudo bem benzinho, foi só um tombinho!

***no útero***
- Tombinho mamãe? Claro, porque não é você que está aqui dentro, né? Pobre narizinho meu, virou uma batatinha amassadinha! Bem na hora que a mamãe caiu eu tava com ele encostadinho na barriga. Até tentei arrumar, mas parece que só piorou! Quando eu sair dessa barriga e engravidar, nunca, nunquinha vou jogar boliche e achatar o narizinho do meu nenenzinho!!!

Essa é a triste história, de como meu nariz deixou de existir e virou uma bola achatada!!! Pelo o que eu me lembro, lá dentro do útero, ele era lindo, pequenininho e arrebitadinho. Portanto futuras mamães JAMAIS joguem boliche quando estiverem esperando o filhinho, senão, vocês correm o risco de o pobrezinho, além de achatar o nariz, ter que ficar aturando o irmão mais velho contando a historinha descrita acima!


Discussão entre irmãos:
- Kaio! Eu já disse que eu vou assistir esse programa!
- Sua sem noção, fica assistindo essas coisas de viadinho!
- Pelo menos, eu tenho cabelo !
- E pelo menos, eu tenho nariz!!!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Meu Gatões

- Finalmente te conheci, maninho! Pelo o que a mamãe fala, tua vida deve ser perfeita, afinal, você vive no paraíso!
- Caro ET, és muito jovem ainda para dizer isso... Tenho saudades dos carinhos da mamãe, da cama quentinha dela, do olhar preocupado quando propositalmente eu sumia e até daquela ração, que apesar de não tão gostosa, tinha tudo o que eu precisava! E quando ela trazia ração em lata??? Hummm!!
- Mas você come coisas de humano!!
- É, isso é deliciosamente verdade. Porém, não é essa maravilha toda, sempre vem ossinhos e coisinhas que podem me fazer muito mal.
- E se você não gostar da comida, você pode caçar! Deve ser delicioso devorar um ratinho!
- Eca! Ratos são nojentos!! Já comeu algum? Eu cacei um, uma única vez e não consegui comer aquilo.
- Pelo menos, deve ser muito mais divertido do que bichinhos de pelúcia. E outra: a mamãe tá achando que eu sou viadinho! Acredita que agora ela inventou de colocar pipicat com cheirinho de jasmim? Tira toda a masculinidade do cheiro do meu xixi! E quando ela invoca de me dar banho, para eu ficar cheirosinho? Fico parecendo uma gatinha!! Pior que isso, só as fitinhas coloridas que ela coloca no meu pescoço. Eu já disse: Sou macho! E inteiro, oras!!
- Bem coisas da mamãe isso. Os banhos eu tinha que aturar, esse é um dos lados bons de morar no paraíso, mas o pipicat... é, ela exagerou!! Mas calma, ETzinho, logo logo deixarás de ser "macho inteiro". Não demora, você fará a famosa "visitinha" ao veterinário.
- Nunca! A mamãe não tem direito de acabar com a minha masculinidade!!
- Ela acabou com a minha. E o pior, era ouvir o titio e o vovô me chamando de bichinha!!
- Hahahaha Adoro o titio e o vovô!
- E inacreditavelmente, quando vim pra cá, conheci a gata dos meus sonhos. No início, tivemos alguns probleminhas, claro. Mas logo nos apaixonamos. Um amor impossível, por causa daquela maldita visitinha! E o pior, foi ver minha amada, grávida de outro gato.
- Nossa, que história triste, Dexter. E o que você fez?
- Eu resolvi assumir os filhotes da Mimi, já que ela nem fazia idéia de quem era o pai. E não é que são parecidinhos comigo?
- Que lindo isso Dexter! Você é papai!
- Nem sonhe em contar que eu sou castrado, pra ninguém, viu maninho?
- Pode deixar. Espero que a mamãe desista da visitinha. E será que algum dia ela vai me mandar para o paraíso?
- ET, maninho querido, apesar de todo esse jeito da mamãe, de achar que somos "gatinhas" e dos ataques de Felícia, o paraíso é ao lado dela. Morro de saudades dos seus olhos.

Essa foi a conversa que eu imaginei entre meus dois (amados) filhos. Um, o mais experiente foi mandado para o "paraíso" e o outro, meu neném, continua no apartamento comigo. Confesso que faltou um pouquinho de modéstia, ao dizer que o Dedé tá moorto de saudades de mim, enquanto que, na verdade, eu que não aguento mais ficar longe daquela coisinha!!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Encontrei-me

Viagens são sempre legais. Às vezes o destino não é tão badalado, mas só o fato de sair de casa, respirar "novos ares" já compensa. E foi em uma dessas viagens que eu finalmente me identifiquei. Descobri o meu verdadeiro eu. Fazia tempo que eu não encontrava algo que batesse tanto comigo. O diálogo foi mais ou menos assim:
- Manhê! Que árvore é aquela?
- É uma Bracatinga filha... por quê?
- Ela é linda mãe! - falei encantada.
- Não vejo nada de linda não. É meio torta, desengonçada e magrela!
- Então mãe! É a minha cara.
- E não é que é mesmo? Hahahaha
- O que?? Tá me chamando de magrela, desengonçada e torta?? - falei indignadíssima!
- O que isso filha, imaginaa...Mas que ela se parece contigo, parece!


Desculpa a demora para postar, digníssimos leitores. Falta de tempo sabe? Tinha que estudar (pouquíssimo, confesso!), assistir filmes, jogar baralho, fazer palavras cruzadas e comer salgadinhos de soja. Aí sabe né? O blog ficou meio paradinho. Mas agora, tentarei ser menos relapsa com o pobrezinho!!!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Dia do Dente

Tive um sonho estranho daqueles em que não há como parar de pensar. Sonhei com DENTE. Foi esquisito. Do nada, um dente da arcada inferior caiu na minha mão e parece até que eu senti o dente caindo e a banguela aparecendo. Me atrasei, perdi o ônibus e fui para a aula pensando no tal sonho do dente:
- Meninas, vocês sabem o que significa sonhar com dente?
Só vi caras de espanto e não ouvi nenhuma resposta.
- Mas Amanda, o dente caia?
- Sim, caiu na minha mão! Vocês sabem o que significa?
Aí um silêncio fúnebre tomou conta da sala. E rapidamente, o assunto foi mudado.
Cheguei a casa, minha mãe fazia o almoço:
- Mãe, sonhei com dente hoje, sabe o que significa?
- MORTE, MINHA FILHA.
- Sério mãe? - me apavorei - e agora?
- Não filha... era brincadeirinha - tentando disfarçar - esquece isso, vai! É tudo bobagem essa história de significados de sonhos!
Voei para a internet, tentando achar o tal significado. E incrivelmente, só encontrei coisas negativas, entre elas o famoso "sonhar com dente, morte de parente."
Fazer o que né? Agora eu já tinha sonhado.
Ao meio dia, a moça que trabalha aqui em casa me contou que o cachorrinho dela morreu. Imediatamente veio na minha cabeça o sonho. Até senti um certo alívio, vai que era essa morte que meu sonho estava prevendo?
Outra definição, de quando o dente caí na mão, podia ser nascimento. O que gera tanto medo quanto a morte. Realmente, fazia dois dias que o bebê da minha amiga havia nascido. Mas ainda tinha: medo da ridicularização em público, acontecimentos ruins, perda de dinheiro, decepções amorosas, problemas no trabalho. Pronto. Meu dia tava feito.
Nesse dia, eu tinha prova de Economia. O detalhe é que eu mal frequentava as aulas e que não tinha estudado também - culpa do sonho!!!
Quando fui sair para a prova, coloquei uma sapatilhinha e enquanto eu corria para tentar chegar a tempo, a sapatilha voa do meu pé! Nem preciso dizer que a cena da Amanda tentando pegar a sapatilha igual ao Saci-Pererê foi linda. "Ridicularização em público".
A prova que era para ser as 18.30, mas como estava com superlotação, não cabia todas as pessoas na sala. Fui voluntariamente forçada a transferir para as 20 horas. "Problemas no trabalho". Fiz a prova, fui melhor do que eu esperava. Ou pelo menos achava que tinha ido. Conferi o gabarito errado. "Problemas no trabalho [2]".
Não via a hora de voltar para a casa e sonhar com algo bem bom. Ou melhor: não lembrar do meu sonho no dia seguinte!

Ah... faltou o tópico "decepções amorosas" né? Teve também! Mas esse, desculpem-me queridíssimos leitores, não será relatado (até porque está relacionado com o episódio da sapatilha e tal...seria muito constrangedor!) =p

Então, quando sonharem com DENTES, preparem-se: o dia não tende a ser nadinha agradável!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A Velhinha do Banco

Ela chegou em casa. Seu irmão e seu pai esperavam. E ela estava com aquela carinha de quem aprontaria (ou teria aprontado?) algo.
- Filha, por que se atrasou?
- Pai! Nem te conto... o senhor pediu para eu ir ao banco né?
- Aconteceu alguma coisa? Conseguiu fazer os saques e os depósitos?
- Mais ou menos... quer dizer, consegui né?! Só que tive um probleminha...
- Já sei, foi assaltada! Meu Deus minha filha, devia ter me ligado!!
- Calma Boi!! Foi assim: eu estava na fila do banco, aí tinha uma velhinha, daquelas bem vovozinhas que dá vontade de por no colo, sabe? Tipo a vovó do desenho do piu-piu. Aí, ela deixou cair uma nota de 20 reais, e eu, gentilmente, fui juntar para ela. Quando eu me abaixo, ela começa a gritar enlouquecidamente: "Sua Ladra! Devolve meu dinheiro! Sua ladra!!"
- hahahaha! Sério mana?? Que engraçado!
- Daí eu entreguei o dinheiro para ela e expliquei, que eu só estava fazendo uma gentileza, só ia juntar para entregar para ela. Mas ela continuava: "Devolve meu dinheiro! Ela pegou meu dinheiro!" Aí começou aquela bagunça: todos me olhavam e o segurança veio. Eu tentei explicar, que só ia pegar o dinheiro e devolver, assim como eu fiz. Mas a velha (antes era vovozinha!) não parava de gritar, tava louca! "Minha senhora, eu já entreguei o seu dinheiro... eu só fui pegar para você, jamais eu roubaria uma senhora" "Ainda por cima me chama de velha! Devolve meu dinheiro!"
Aí o segurança nos convidou para ir para uma salinha reservada. Me apavorei, mas como eu já inclusive tinha entregado o dinheiro, fui para tentar resolver a situação...
- O que filha? Tu foi para a salinha? E nem me ligou????
- Então pai - falou tentando segurar o riso - fui né?! Tinha que resolver, ora! Mas daí, quanto mais eu tentava falar, mais ela gritava, histericamente. O segurança disse: "Desculpa moça, mas vamos para a delegacia, tentar resolver isso!" "Como assim?? Eu não vou para a delegacia! Já entreguei o dinheiro para a senhora! Não tem câmera aqui não? Veja a fita, veja!" "Sua ladra!! Ela me roubou! Ela me roubou!" "Moça, não tem jeito, vamos resolver isso na delegacia..."
- Tu foi pra delegacia?? Hahahaha! Não acredito! Minha irmã foi pra delegas!
- Filha!! E VOCÊ NÃO ME LIGOU?
- Então... eu fui né! - a essa hora, o riso já escapava - aí, chegando lá, a velha coloca a mão no bolso e... "minha filha! Me perdoe... o dinheiro tá aqui! Mil desculpas, mas sabe, quando a idade chega a gente fica meio maluquinha!" "Mas eu disse! O tempo todo! Custava ter me escutado?" " Faz assim, eu moro aqui pertinho, vamos lá em casa tomar um chá com as meninas da terceira idade, se você não for, vou ficar me sentindo tao culpada..." Aí o que eu iria responder né?
- FILHA! VOCÊ NÃO FOI NÉ?
- Ah pai... era uma velhinha toda fofa, o senhor sabe como eu sou. Aí ela morava ali pertinho e eu não tinha como recusar...
- HAHAHAHA Minha irmã é maluca! Não acredito que tu foi!
- Chegando na casa dela, uma casa toda bonitinha, bem de vó, sabe? Aí enquanto ela foi buscar o chá, fiquei na sala. Quando eu olho, um relógio em cima da mesinha de centro... Só pensei: é agora que eu me vingo dessa velha mala!
- Ai Meu Deus! Tu não aprontou nada né?
- Não... só peguei o relógio, coloquei no bolso e... ELE DESPERTOU, EU CAÍ DA CAMA E ACORDEI! HAHAHAHAHAHA

Aí, não sei porque, eles ficaram dois dias sem falar com a pobre menina. Tadinha, uma historinha para descontrair, não faz mal a ninguém!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Na minha época...

Sempre quando meus pais me contavam as histórias de suas infâncias, eu ficava imaginando: será que eu terei algo de diferente para contar para meus filhos? Impossível que as coisas mudem tanto, como era na época deles. Minha mãe, que morava no sítio, contava que não tinha televisão, só o rádio por onde ela acompanhava as novelas. O colchão era de palha, os banhos no rio... e que ela, tadinha! Só teve uma boneca e que os porcos comeram! O meu pai morava na cidade. Mas a situação também era bem parecida. Esses dias, comecei a imaginar como seria a conversa com meu filho Creosvaldo (se ele existisse e estivesse na faixa dos 10 anos!). É absurdo como tudo muda em questão de pouquíssimo tempo, tanto hábitos quanto tecnologias!!

- Filho, sabia que na época da mamãe os celulares eram imensos e ela só ganhou o primeiro (gigante!) com quase 15 anos??
- Sério mãe?? E como você vivia?
- Isso não é nada! As máquinas fotográficas eram com filmes, nada de ver a foto na hora, tinha que levar para o laboratório, revelar e ainda queimavam. A mamãe foi ter internet também só depois de uns 13 anos... e era discada!
- Discada? Como assim?
- Ora Creosvaldo! Ela era ligada ao telefone e, enquanto ficava conectada, a linha ficava ocupada! Sem falar que era cara e só podia usar nos fins de semana ou depois da meia noite!
- E você sobrevivia sem Orkut, Msn, Twitter e Blog diariamente???
- Claro! E ainda, como forma de comunicação com os amigos a gente tinha o ICQ, que eram tipo o msn, mas com números imensos ao contrário do email e sem a possibilidade de por fotos, ligar web, passar arquivos...
- Mas como se colocava fotos?
- Scanner meu filho, scannner...
- Credo mãe! Não consigo imaginar como era tua vida sem tudo isso! Bom, mas acho que da minha época para a época dos meus filhos não vai mudar muita coisa...
- Você que pensa Creosvaldo... eu dizia a mesma coisa com relação a época da vovó!

Leitores desavisados: o Creosvaldo é apenas fruto da minha imaginação, eu não sou mamãe não! E nem tão malvada para por esse nome na pobre criança... =p
Ah... chegamos aos MIL visitantes! Fiquei bem feliz e obrigada a todos que visitam o blog.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Lado do Creosvaldo

Minha mãe sempre tomou muito cuidado na minha educação pra que eu me tornasse, segundo ela, um gentleman. Aquele rapaz cavalheiro, romântico e que não poupa esforços para agradar uma dama. Por isso, desde novinho, fazia aulas de etiqueta, dança de salão e acompanhava um grupo de garotas, semanalmente, para desvendar os mistérios do comportamento feminino. Óbvio que mamãe Charlotte nunca imaginara o transtorno que tudo isso causaria. Fui tachado de viadinho, gay e afins. Mas contrariar a dona Charlotte? Desde pequeno aprendi que não era o mais adequado. Pelo meu bem.
As tias Sophi, Elisabeth e Dayanna, falavam que quando eu crescesse, iria entender um pouco melhor a mamãe.
Apesar de tudo isso, eu não ligava, ia a todas as aulas, aplicava os conhecimentos. A única coisa que realmente me incomodava era o fato de a Brityni, filha da tia Day, só ter olhos para aqueles dois marmanjos sem classe: o Jacksonvaldo e o Michaelvaldo. Minha mãe só podia estar muito errada! Eles eram totalmente o oposto de mim e era deles o coração da Brityni. Eu não podia fazer nada, afinal, ela mal me olhava.
As nossas vidas continuaram. Eu poderia jurar que a tinha esquecido, mas bastava acontecer o chá das nossas mães, eu ver ela e meu coração começar a bater mais forte para reacender todo aquele amor bobinho e infantil.
Apesar disso, comecei a ficar com uma garota, a Keitylucy. Ela não era uma Brityni, mas gostava de mim. Um dia, tomei a decisão: iria pedir Keitylucy em namoro. Fiz a reserva no restaurante mais romântico da cidade, encomendei rosas vermelhas e a levei. Quando eu estava indo abrir a porta do carro para Keity e iria entregar para ela as flores vermelhas, vejo a Brytini passar. Foi como nos filmes, meu olhar ficou preso ao dela e me dei conta: o que estou fazendo aqui? Jantei formalmente com Keity e quando ela perguntou qual o motivo de um jantar tão especial, terminei tudo e disse, como a mamãe ensinou, que eu queria que os momentos que passamos juntos fossem inesquecíveis e nada melhor, do que fechar com chave de ouro, em um jantar. Ela ficou triste, mas entendeu. Saí imediatamente do restaurante e fui atrás da Brityni. Ela estava na barraquinha de cachorro-quente da esquina. E para minha não tão surpresa, com o Michaelvaldo. Fui até lá, cumprimentei-os e disse:
- Brityni... vamos comer um pastel com chocoleite?
- Mas... Creosvaldo,acabei de te ver entregando rosas para a Keitylucy.
- Foi um equívoco. Sempre gostei de você e se necessário for, desaprendo tudo o que a mamãe me ensinou para ficar ao seu lado. Se você quiser, eu prometo nunca abrir a porta do carro, nunca te dar flores e vir todos os dias comer cachorro-quente.
“É... triste realidade! No fim, até o mais gentil cavalheiro acaba tornando-se um ogro. E o pior, na maioria das vezes, nós que somos as grandes responsáveis por isso...” – pensou Brityni e logo respondeu:
- Bora Creosvaldo! Mas tu tem que me prometer que será UM pastel com UM chocoleite, para não tirar o romantismo da situação!!!


A pedidos, a Brityni fica com o Creosvaldo, porém, eu não poderia dar para ela um fim totalmente feliz, afinal era ignorou o pobrezinho (sim! Eu sou uma mãe coruja!). E ela não gostava tanto dos ogros? Pois é... acabou de formar um!!hahaha

Meninas, adooorei nosso domingo das meninas, com sorvete das meninas! Agora o próximo será a double torta de morango (Dayanna) e banana (Elisabeth) das meninas!!!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

É Brityni...

Minha mãe sempre me disse: Brityni, escolha bem os rapazes com quem você decidir se envolver, eu já tive a sua idade!
Quando éramos crianças e nossas mães faziam aqueles chás, eu não dava a mínima pro Creovasdo, filho da tia Charlotte. Era um menino chato, só sabia conversar sobre assuntos de interesses mundiais e, ao invés de me convidar para jogar bola, não! Queria me ensinar a dançar tango. Sem falar que estava sempre impecável e com hábitos de etiqueta que nem eu, uma mocinha, tinha. Enquanto isso, o Jacksonvaldo, filho da tia Sophi e o Michaelvaldo, filho da tia Elisabeth eram aqueles garotos legais, descolados e desde pequenos já arrasavam o coração das meninas. Nunca vou esquecer do dia em que os dois trocaram o açúcar pelo sal e fizeram uma decoração toda especial na torta da mamãe, usando as orquídeas que ela cultivava!
Fomos crescendo, os chás continuaram e comecei a perceber que, com exceção do Creosvaldo, os meninos eram o máximo! Ta certo, meio cafajestes, pegavam geral, mas eram encantadores! A situação era sempre a mesma: eu sentada no meio dos dois garotos (suuper indecisa!) e o Creosvaldo ou lendo, ou estudando, mas sempre no canto dele. Cheguei a ficar com o Jacksonvaldo e com o Michaelvaldo. Era engraçado, enquanto eu conversava com um, mandava mensagem para o celular do outro. As tias sempre dizem que eu puxei a mamãe Dayanna neste aspecto!
O tempo foi passando e eu fui descobrindo (desculpa tia Beth e tia Sophi) que os meninos não prestavam. Era um mais canalha que o outro e, pasmem, os dois me fizeram sofrer muito.
Um dia, fui dar uma volta com o Michaelvaldo e, quando passo em frente aquele restaurante chiquérrimo – que eu nunca fui, os meninos no máximo me convidavam para comer um cachorro-quente na barraquinha da esquina – quem eu vejo? O Creosvaldo descendo do carro, chamando o garçom - que veio com um super buquê de rosas - e abrindo a porta para a garota que estava com ele, perdidamente apaixonado. Na hora pensei: é... perdi playboy, bem que a mãe avisou. E fui comer o cachorro-quente da esquina.

Garotas, nossos chás são sempre inesquecíveis e sempre rendem histórias para o blog! Adoro vocês e mais ainda as tortas deliciosas de morango e de banana!! hahahaha

domingo, 6 de setembro de 2009

Primos Investidores

Aniversário do meu primo. Família reunida, salgadinhos, docinhos e todas essas coisas gostosas. O papo fluía super bem, estávamos fazendo uma análise imparcial sobre a influência da queda do dólar na bolsa de valores e o que isso afetaria nos nossos negócios em Paris (do jatinho eu não vou abrir mão, não vou mesmo!). Até que um primo, que estava meio pensativo fala:
- Gente... sabem como é o nome da cidade do riso?
Todos pararam. Será que a cidade do riso seria mais um foco de desenvolvimento para que possamos investir e aumentar a nossa fortuna? Ficaram apreensivos, já imaginando mil negócios para serem montados na cidade do riso e até já iniciamos a discussão sobre como seria feito o rateio dos lucros (essa parte é a mais crítica). Quando o “pau tava fechando” (eu já disse: não vou dispensar o jatinho!!!) o primo só deu uma risadinha e disse:
- Calma galera! O nome da cidade do riso é Risóles. Há há.
Os primos investidores ficaram decepcionados (eu até que fiquei aliviada, vou poder continuar com o jatinho..yes!) e ninguém, ninguém riu da piada.

Ok...confesso que viajei, fui looonge no texto de hoje! Tudo isso porque a super esperta aqui não entendeu a piadinha de primeira, daí, para eu não parecer tão monguinha, criei uma histórinha (até rimou!!)
Primos, adoro vocês e são sempre divertidíssimas as reuniões de família! E como eu descobri que vocês são assíduos leitores do "brog" resolvi postar pra vocês! Eu sei... sou uma fofa mesmo!!!!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nomes

É engraçado como os pais escolhem os nomes dos filhos. No meu caso, minha mãe queria que meu nome fosse Amanda, porque tinha uma menina com esse nome no Balão Mágico ou Trem da Alegria. Já meu pai adorava Vanessa. Resolveram perguntar pro meu irmão, na época com dois aninhos o que ele preferia:
- Filho, você quer que a maninha que está dentro da barriga da mamãe se chame Amanda ou Vanessa?
- Nenhum dos dois. Quero que seja Uni.
- Uni filho, mas...
- É. Já que vou ter uma irmã, quero que ela seja igual à Uni, da Caverna do Dragão!
- Mas tua maninha não vai ser um unicórnio...
- Então não quero ter irmã, ora!!!

Já que meu querido irmão não ajudou na escolha (ainda bem!!) eles escolheram um método simples e eficiente: par ou ímpar - espero que pelo menos tenha sido com "melhor de três!"
Bom, vocês já sabem quem ganhou!!!

A escolha do nome no meu irmão mais velho foi um pouco diferente. A mãe queria que fosse Allan, o pai Kaio César.
Um dia, quando a mãe estava dormindo, meu pai simplesmente foi até as lembrancinhas e escreveu em todas "Kaio César", aí a mãe não teve como mudar e teve que se conformar!!!
***

Ontem eu estava lendo o jornal e adivinha qual filme está passando no cinema?? A Mulher-Invísivel! É um filme brasileiro, com a Luana Piovani e Selton Mello. Além de eu me identificar com o título (interessados ler o post Sobre a Invisibilidade) O nome da protagonista é Amanda. Interessante, né??
Alguém quer ir ao cinema???
=p

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

...

Estava em minha casa, solitário. Sempre fui em homem de poucas palavras, poucos amigos e poucos sentimentos. Posso afirmar que foram raras as pessoas que eu realmente amei.
Em uma noite fria, recebi um telefonema: Roberto faleceu. Imediatamente a angústia e o remorso tomaram conta de mim. Ele não podia morrer, não agora. Não antes de resolvermos aquela antiga briga que tivemos no auge de nossa adolescência. Culpa do coração confuso da Antônia. Belíssima Antônia. Não fui ao velório. Jamais conseguiria olhar para Roberto naquele estado. Morto.
O dia nasceu nublado e frio, refletindo meu estado de espírito. Coloquei o sobretudo e fui ao enterro. Chovia e ventava, mas era a última oportunidade que eu teria para demonstrar o quanto, apesar de tudo, amava meu irmão.
Para minha surpresa, o motivo de nossa briga estava lá, linda como nos tempos de juventude. Senti meu coração bater mais forte, minhas mãos foram ficando úmidas e trêmulas, o ar parecia não vencer a demanda de meu corpo. Não. Eu não poderia reacender aquela paixão. Não hoje, com meu irmão em baixo da terra.

Conto escrito em um dos exercícios do Curso de Formação de Escritores. Estou meio nostálgica hoje, por isso, resolvi postá-lo!!!

Perdi Playboy

Sempre pela manhã eu vou de carona com o meu pai. Normalmente saímos sete e meia, sete e trinta e cinco. Normalmente eu me atraso (não é fácil dar um “jeitinho” na cara de sono, no cabelo revoltado e no guarda-roupa de mal-humor). Normalmente ele, irritado, me espera.
- Tchau Amanda
- Espera pai, já desço, vai tirando o carro.
- Se você não estiver lá em baixo a hora que eu for você fica.
Nunca acreditei que chegaria o dia em que ele me deixaria. Até porque, na minha incrédula mente, ele jamais deixaria a “princesinha do papai” porque a coitadinha se atrasou uns minutinhos. Tá, vários minutinhos.
Hoje, a hora que eu desci, vi o portão da garagem fechando. E o carro na primeira esquina depois de casa. Tive um ataque de riso: “não é que ele me deixou mesmo?!” Pensei em correr até lá, mas daí, correr às oito horas da manhã fica complicado. Peguei um ônibus e liguei pra ele:
- Oi boi, Me deixou hoje?
- É... perdeu playboy! Há há.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

É Pai...

Meu pai conhece ditados populares, que são tão populares que ninguém nunca ouviu falar. O de hoje, durante a execução da lição de casa do meu priminho (o mesmo do show) e as idéias (quase mirabolantes) da Amanda foi esse:
"Tá bom isso daí já.
O Diabo enfeitou tanto os olhos do filho que acabou furando."

Agradecimentos ao pai, por estar sempre colaborando com situações e frases inusitadas para o blog!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Reunião Familiar

Ela volta da aula triste e com os olhos cheios de lágrimas. Chegando a casa, senta-se e almoça em silêncio.
- Filha, aconteceu alguma coisa?
- Depois do almoço convoco reunião familiar na sala. Assunto urgente e de extrema prioridade.
- Você não tá legal. Alguma notícia triste?
- Depois do almoço.
A frieza da garota toma conta da cozinha. Agora, observa-se em todos os olhares a curiosidade e preocupação. Exceto no dela: este se encontra repleto de angústia e medo. Seria esse o momento adequado de fazer essa revelação? Ela não sabia como reagiriam. É a primeira a terminar o almoço. Vai diretamente para a sala onde aguarda, em pé e ansiosa, os outros integrantes da família.
Todos chegam. Ela sinaliza para que sentem. Um nó forma-se na sua garganta. As palavras não saem. Seus pensamentos entram em lapso. Fica imóvel e muda.
- Ooow maninha?! Vamos de uma vez com isso! Tenho mais o que fazer!
- Calma. A notícia não é agradável. Preciso me preparar.
- Para com isso e fala de uma vez! Quem que morreu?
Risos nervosos tentam dominar e aliviar a tensão do ambiente.
- Por enquanto ninguém "querido maninho". Mas se não ficar em silêncio, poderá ser o próximo.
O silêncio mortuário volta. Realmente, ela não está para brincadeiras.
- Ok. Vamos começar a reunião. Convoquei todos porque precisava fazer um comunicado urgente. O acontecimento refere-se somente a minha vida. Porém, achei digno informar a vocês, afinal, são minha família.
- Filhota, estou ficando apreensiva, fala logo!
Ela respira fundo e...
- ESTOU GRÁVIDA!
***Sua mãe quase desmaia, seu pai diz que quer morrer...***
- Como assim? Quem é o pai?
- De quanto tempo minha filha? Você nem namorado tem...
- Yes! Vou ser titio! É menino ou menina mana?? - Sim. Ela tinha um irmão sem noção.
A casa virou. O silêncio deu lugar a uma histeria. Todos falavam ao mesmo tempo, faziam inúmeras perguntas a ela, "e o futuro desta criança?". A garota estava com um olhar leve e um sorrisinho no canto dos lábios.
Quando a situação estava ficando extremamente caótica resolveu falar:
- Ei! Silêncio galera! - começou a gargalhar - não acredito que vocês caíram nessa! "Pegadinha do Malandro"! Ham?! Ham?! Essa foi boa, né?
O olhar dos seus familiares era de raiva e alívio. "Apesar do susto, melhor assim" pensava a mãe.
- Mas... filha, então a reunião foi pra nada?
- Não mãe! Realmente eu tenho que falar com vocês. - ainda dando risada das caras assustadas - É que eu... bem... reprovei em parasitologia!
- O que?? - percebia-se a ira no olhar de sua mãe.
- Calma, antes uma reprovação do que um netinho, não acha?!
Deu um sorrisinho, acompanhado de uma piscadela e foi para o seu quarto, tranquila e serena. Os membros da família ficaram na sala, incrédulos da capacidade da garota de criar toda uma história para não ganhar castigo. "É, um netinho seria bem pior!" Pensou a mãe, já conformada com a reprovação.


Queridos leitores, antes que comecem a perguntar, claro que a garota da história não sou eu! Vocês acham que eu inventaria tamanha mentira?
Tá... confesso. Eu bem que tentei, mas comecei a rir na hora de dizer que eu estava grávida!

E "leitores anônimos": adoro quando deixam comentários. Ajudam a saber se vocês estão gostando e me estimulam a escrever!

domingo, 16 de agosto de 2009

Cream Cheese

Fomos eu e meu irmão ao mercado fazer as compras do mês. Passando pela seção dos frios, vejo cream cheese:
- Mano, o cream cheese acabou e tá na promoção, vamos levar?
- Não. Não precisa.
- Mas olha esses com sabores! Tem de ervas finas, salame com pepino, queijo(?)...
- Salame com pepino?! Vamos levar!
- Ah não! Ervas finas ou tradicional!
- Ervas finas é coisa de viadinho! Imagina meus amigos chegando lá em casa e eu servindo coisinha de ervas finas... Nem pensar. É o de salame com pepino.
- Realmente... Salame e pepino são comidas extremamente másculas!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Delícias da Vó

Minha avó materna é uma cozinheira de mão cheia. Faz banquetes maravilhosos toda vez que almoçamos lá. Isso sem falar no bolo de manteiga, na rosquinha de coalhada e nas bolachinhas. Tudo feito com muito capricho e carinho. E é incrível como minha mãe vive tentando imitar as comidinhas deliciosas da vó:
- Crianças, fiz bolo de batata!
- Ta gostoso mãe...
- Parecido com o da vó?
- Aí já é pedir de mais!!!
Ou então:
- Olha que delícia que ficou meu bolo de manteiga! Vai dizer que não tá que nem o da vó?!
- Desiste mãe! Ta gostoso, mas o da vó...hummmm!
E esses dias, o meu pai (um super especialista de sopas) foi fazer uma canja. O objetivo: ficar igual à da vó.
- Que delicia pai! Ta ótima a canja!
- É... até que ficou gostosa. Mas não chegou nem aos pés das da vó Ivone... – falou ele, já conformado com o posto inatingível de “igual ao da vó.”
Apesar de a vó jurar que não existe segredo mágico nenhum e dizer que passa todas as receitas certinhas pra mãe, eu não acredito. Tem algum mistério que ela nunca irá revelar, para que a gente sempre continue idolatrando sua culinária.
E,incrivelmente, sempre quando estamos lá “lambendo os beiços” diante de tantas maravilhas e enchendo minha vó de elogios, o vô sempre diz:
- É...até que dá pra comer!

sábado, 8 de agosto de 2009

Meu Ídolo

Hoje, véspera do dia dos pais, não poderia deixar de homenagear o meu super-herói: o Sr. Adalberto Wolff Tavares, o melhor pai do mundo!
Sim paizinho, eu sei que “dia dos pais” é apenas uma data inventada pelo comércio para aumentar as vendas, assim como dia das mães, das crianças, dos avós e dos animais de estimação. Eu sei que todos os dias são dias dos pais (e todos das mães, das crianças...) e que você, sem dúvida nenhuma merece ser homenageado em todos eles.
Mas aproveitando a ocasião especial (inventada pelo comércio, eu sei!) gostaria de te dizer o quanto me sinto privilegiada de tê-lo como meu paizinho. Não sei o que seria de meus dias sem a tua presença, sem teu carinho, sem teus abraços e beijos, sem tuas brincadeiras (sem graças às vezes!) e, confesso, até sem as tuas reinas. Você, papai, é um personagem indispensável na minha peça. É o responsável pelo ar dramático às vezes e pelo tom cômico na grande maioria delas. Sem você, minha peça seria insossa: sem emoções e sem risadas. Com certeza, sem você, meu super personagem, ela não passaria da estréia. Graças a tua presença, já estamos vinte anos em cartaz!
Pai melhor que você simplesmente não existe. Palavras não são capazes de expressar nem um décimo da admiração que sinto por você. Pai, Papai, Papy, Paizinho, meu Paizão! Te amo do tamanho do universo inteiro e quero sempre você pertinho de mim

Infância

Nunca tive dúvidas com relação ao meu tipo favorito de seres humanos. As crianças sempre ficaram a frente, disparadas. Não sei se pela sinceridade, ou se por, ao lado delas, eu voltar a minha infância.
Brincar, correr, sentar no chão sem medo de sujar o vestido e jogar bola sem cair do salto alto. Imaginar, criar, ir para um mundo desconhecido, só meu e delas. Nesse mundo, posso ser princesa ou vilã, mocinha ou bruxa. Posso construir castelos, mansões ou casas de chocolate. Posso estar em qualquer lugar, com quem eu quiser. Nesse mundo, não existem problemas. Que dizer, até existem... “Amanda, o fulano me beliscou!” “Tadinho, toma dez gotinhas do remédio invisível que melhora, oh, mas tem que engolir, ta?” Quem dera se todos os problemas “adultos” pudessem ser resolvidos com algumas gotinhas invisíveis ou com a pomadinha mágica. Quem dera voltar ao passado e ser criança. Só mais uma vez.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Céu Azul

As montanhas que ficam além do meu jardim parecem querer me mostrar um único lugar: o céu azul. Indicam em sua direção, querendo dizer que lá tudo está bem. Que eu ficarei bem. Que foi melhor assim.
O céu está riscado por pequenas nuvens, que ora formam desenhos, ora se abstraem. Sinto que essas nuvens me representam. O meu antes e o meu agora. Agora sou abstrata.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Espontaneidade Infantil

Sempre adorei crianças. E sempre adorei as situações constrangedoras que elas provocam. Claro que quando vão sair com a “tia Amanda”, são muito bem orientadas: honestidade total com todos, menos comigo.
Este ano resolveram trazer para Lages, durante a Festa do Pinhão, o show do NXzero. Tentei imaginar mil maneiras de como eu iria me divertir em um show que não combina nem um pouco comigo e ofende meu gosto musical. Para minha surpresa, meu primo de nove anos os adorava, cantava todas as músicas e fazia apresentações no colégio imitando tal banda. Pronto. Resolvido. Ele vai comigo.
Um sorriso imenso apareceu no rostinho dele. E uma expressão de espanto no da minha madrinha. E fomos.
Inicialmente, éramos só nós dois andando pelo parque, tomando chocolate quente e brincando no carrinho de choque. Confesso que ele dirigia melhor que eu. E que eu não perdia nenhuma oportunidade de bater no carrinho dele.
Quando estava próximo ao show, uma amiga minha levou o irmão, coleguinha de sala dele (e parceiro de apresentações!) para assistir conosco.
Começou o show, as crianças se empolgaram e os adultos se irritaram: “Cara, como um grupo só pode ter tanta música? E todas ruins?”
Mas a diversão (constrangimento?) começou quando um cara resolveu vir conversar comigo. A hora que viu que eu estava com uma criança, tentou ser simpático:
- Oi cara, tudo bem – e estendeu a mão.
Meu “acompanhante” apenas olhou para a mão dele (com uma cara que já dizia tudo) e falou:
- Vaza. Dá meia volta e some.
O cara, não contente tentou continuar conversando comigo. Não deu outra. O meu primo simplesmente começou a chutar e soquear, até ele sair correndo e não voltar mais.

Outro sujeito ouviu mais ou menos isso:
- Qualé Magrão? Ta pensando o que? Bom, eu vim pra assistir o show, mas pelo jeito vou ter que dar porrada. Se eu fosse você, vazava.

E outro ainda:
- (voz irônica) É filho?
- Sim. Sou filho dela e nem pense em mexer com minha mãe.

Quando acabou o show, os olhinhos dele estavam brilhando:
- Gostou do show Guguinha?
- Gostei... (sorrisinho maléfico) e gostei mais ainda de dar fora naquele monte de cara!

Nem preciso dizer que meu pai e meu irmão propuseram à inocente criança que me acompanhasse em todas as festas. E, por incrível que pareça, me diverti muito com ele e acharia ótimo mais uns shows daqueles!!


Amiga Elisabeth, senti-me extremamente envergonhada, de você vir visitar o blog e ele não estar atualizado. Por isso hoje resolvi colocar dois textos de uma vez só: o anterior era da categoria "impublicáveis", durante minha crise. Espero que goste e saiba que adoro suas visitas!

Abraços,
Charlotte

Sobre a Invisibilidade

Acredito que existem coisas invisíveis. Ou melhor: que existem pessoas invisíveis. Talvez exista algum mecanismo no nosso cérebro, que envie uma mensagem: “agora tal pessoa não poderá te ver.” Ou isso pode ser apenas uma maneira de me conformar. A pessoa simplesmente pode querer não me ver. O motivo? Não sei... E acho que nunca saberei. Estava indo tão bem, conversinhas legais, promessas de reencontro e quando nos encontramos casualmente... “Muito prazer, Amanda, Mulher-Invisível.” Acredito na miopia. Até um ponto. Depois daquele oizinho simpático, ele sabia onde eu estava e não veio conversar. Ele sabia que, discretamente, eu passaria centenas de vezes por ele, esperando ele chamar meu nome, me puxar e falar comigo. E ele sabia que, de tudo isso, eu sabia. Porém, a invisibilidade veio antes. E lá estava eu, visível aos olhos de todos, menos aos dele.

sábado, 25 de julho de 2009

Mana, você tá Louca??

Hoje eu vou postar uma parte da última conversinha que tive no msn com meu irmão. E também, serve de conselho de "como irritar teu irmão!"
Divirtam-se!

- que é?
- simpática
- haha
- porque me mandou essa carinha estranha?

- pq to cansado
-tadinnho
- desde as 8 da manha
- vem dormir então
- nao da tenho q terminar de clonar as bactérias
- clonar bactérias?
- tu vai infectar o mundo e dominá-lo?Depois fugir pro méxico?Fazer uma plástica, trocar de nome e por cabelo???

- eu sabia!eu sabia!
- hahahhaha
- engraçadinha
- não precisa mais me enganar
-saquei tudo
- T.U.D.O

- o pai e a mae ja foram dormir?
- já, meu pai e minha mãe
- porque você não é o kaio, meu irmão.
- nessa viagem você raptou o kaio

- manda um beijo pra eles
- e trocou de lugar com ele
- tudo isso para clonar bactériase dominar o mundo[
- e fugir pro méxico
- na verdade
- você é o "Creosvaldo, Meu Rei!"

- hehehe
- aiiiiiiiiiiiiiiiii
- risadas malígnas maléficas do mal
- eu sabia! eu sabia!

- ta maluca é?
- ha ha ha
- agora vem tentar me enganar com esse papinho, Creosvaldo
- tu não imaginava que eu fosse descobrir, não é mesmo?

- uhum
eu descobri, tananam, eu descobri, tananam
- maluca!
- ahá
- esse truque é vellho, Creosvaldo

- e amanhã já vem fazer cerão aqui cmg?
- contigo? Creosvaldo????Tá louco?
- minha maneira de dominar o mundo será diferente

- bactérias descobrem rápido a cura
- e chegarão ao méxico, meu esconderijo.
- Um segredo: eu não sou a Amanda!Mas oh,não conta pra ninguém

- Amanda..Sério.Chega!!
- tá.
- tu tá com medo de mim?

- tô
- desculpa?
- Só se você voltar a ser normal!


Ah gente, não precisa ficar com medo não! Aquela história de dominar o mundo... tudo bobagem. Ou será que não?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Há dias eu estou querendo escrever. Já abri dezenas de páginas no word, com dezenas de textos iniciados. Falta tema, criatividade, enfim, tudo. Ou minha autocrítica aumentou, ou os meus textos decaíram!

Enfim, só passei para dar um oi!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Banheiro Masculino

Mais uma vez fiquei em crise, comparando o universo masculino com o feminino. A discussão surgiu na pousadinha com as meninas, em um papo sobre pipimóvel.
Eu nunca usei um pipimóvel. Nunca entrei em um e morria de curiosidade em saber como era. As meninas me explicaram: “Sabe aquelas casinhas, que existiam nos sítios, antigamente, em que só tem um buraco? É assim. E é apertado, muito apertado!” Na minha imaginação, não poderiam ser fedidos, já que são banheiros químicos. “Que isso Amanda. Tem uns que até são limpinhos, mas a grande maioria é terrível! Inclusive, com adesivos indicando: Cuidado, conteúdo explosivo.” E o pior: em certas festas nós, mulheres, somos obrigadas a usá-los. Teve uma amiga, tão inexperiente quanto eu no assunto de pipimóvel, que falou que a única alternativa era essa. Ela foi mais longe: entrou, porém, faltou coragem de usar: “e olha que era um pipizãomovelzão!”
Mas a crise (inveja?) em relação aos homens é que eles podem usar qualquer lugar para satisfazer suas necessidades fisiológicas. Qualquer canto é banheiro. Sem falar que eles não precisam encostar em nada, não importando se o lugar é limpo ou sujo.
Uma vez eu li uma reportagem que era uma espécie de “manual de etiqueta para homens usarem o mictório”. Consistia em, basicamente, nunca olhar para o lado e sempre deixar um espaço ou um mictório de intervalo entre os mijantes. Ah, e sempre quando chegar ao banheiro as pontas devem ser ocupadas primeiro, mantendo máxima distância. Nunca chequei a veracidade dessas informações com algum homem, mas achei interessante.
Nessa mesma reportagem, contava que alguns banheiros descolados, para manter a atenção de seus usuários usavam alguns artifícios. O mais comum, eram fotos coladas nas paredes. Porém, o que mais me chamou a atenção, era um mictório em que havia um campo de futebol e o objetivo era fazer o gol, usando a urina. Quando comentei isso, uma amiga se manifestou: “Caaara, que legal! Confesso que nessa hora até senti vontade de ser homem, só para ficar brincando de fazer gol com o xixi!”
E o que mais me impressiona, é que dizem que o banheiro feminino é repleto de mistérios...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Casamento de Dayanna

Eram amigas de infância, um trio inseparável: Elisabeth, Charlotte e a noiva sonhadora Dayanna.
Day, como as amigas costumavam chamar, sempre foi recatada e sonhava com o seu grande amor. Quando o encontrou, depois de cinco anos de namoro, não teve dúvidas: iria casar. Entrar de branco na igreja, ver todas as pessoas queridas e o homem de sua vida a esperando, com o olhar de apaixonado (que qualquer mulher adora) sempre foi o seu grande sonho. Quando perguntavam o que queria ser quando crescesse, a resposta era única e imediata: “quero ser uma noiva!” Enfim, a realização de seu sonho de infância estava próxima. Daqui a algumas semanas, finalmente, haveria o casamento.
As amigas sempre foram muito unidas. Ajudaram a noiva com todos os preparativos, da escolha do vestido à escolha da lingerie. O salão, o bufê, a decoração, enfim, tudo. Mas a parte em que as garotas mais se dedicaram, como boas amigas solteiras, foi o chá de panela.
Exatamente uma semana antes do casamento, o chá aconteceu. Parecia um chá normal, com brincadeiras, abertura de presentes e comidinhas gostosas. Mas foi só as mulheres de mais idade irem embora, para o chá virar uma verdadeira despedida de solteira: bolo com gogoboy dentro, DJ, bebidas e mais cinco garotos fazendo a recepção do evento!
Óbvio, que inicialmente a noivinha ficou extremamente louca com as amigas, mas logo caiu na farra e nem parecia mais aquela Dayanna do início da história.
Na semana que antecedeu o casório, Day estava estranha, meio taciturna. E não contava a ninguém o motivo de sua tristeza.
O grande dia chegou. As duas amigas entraram primeiro na igreja, como damas de honra. A noiva estava linda, todos os olhares dirigiam-se a ela e o noivo, apaixonadíssimo, não conseguia conter a emoção em ver a mulher amada tão bela. Day não estava tão feliz quanto se imaginava. Devia ser o cansaço, só pode!
Na hora do “você aceita Creosvaldo para ser seu legítimo esposo...” uma surpresa: Day olha para trás e vê ao fundo da igreja, os seis gogoboys da sua despedida, todos de smoking. Respira fundo e diz:
- Não. Desculpa amor. Eu te amo, mas amo muito mais a vida de solteira!
Neste momento, todas as amigas se levantam e comemoram. Day joga o buquê (que, por azar caí na mão do noivo inconformado) e sai da igreja carregada pelos novos seis homens de sua vida.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Telemarketing

Bons tempos aqueles em que ligações de telemarketing alegravam o dia. Elas surgiam na hora do almoço, jantar, durante o banho e principalmente, no meio daquela deliciosa sonequinha da tarde!
Aqui em casa, logo que tocava o telefone e identificavam que era telemarketing, a ligação era imediatamente transferida para mim e as apostas surgiam: “Amanda, te pago 50 centavos pra você dizer isso!” Na época, minha criatividade valia pouco (hoje, eles pagam um real! =p)

- Bom dia, com quem eu falo?
- Com a Creosvalda, mas pode me chamar de Creu, que nem na música!
- Dona Creosvalda o senhor...
- Creu, já falei!
- Então, senhora Creu, o senhor Adalberto está?
- Não ta não minha filha. Meu patrão faz dias que não aparece em casa, às “veiz” até desconfio que esse “home” trabalhe tanto... Mas assim, se a "sinhora" quiser...
- Obrigada, a Brasil Telecom agradece a sua atenção.
...
- Boa tarde, o senhor Adalberto está?
- Só um pouquinho que eu vou ver – Paiê, telefone pra você, acho que é aquelas ligações chatas, quer que eu diga que você não ta??
- Olha, ele mandou dizer que não está, quer deixar recado?
...
- Poderia falar com o seu Adalberto?
- Ele não está.
- Que horas ele se encontra?
- Hoje, só depois das 24 horas...
- E amanhã ao meio dia?
- Ele não estará.
- E aos sábados?
- Neste sábado ele não estará.
- E no próximo?
- Também não.

***
Um comunicado urgente: MEU PAI FEZ A BARBA!
Mal pude acreditar quando escutei o agradável som do barbeador! Agora sim, ele voltou a ser o pai mais lindo do mundo!
Porém, observei certa tristeza e melancolia no seu olhar. Será que ele não pode participar do clube secreto? Ou então a barca desandou? Ninguém nunca saberá os mistérios que a barba do meu pai escondia...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Rabo Quente

Calma queridos (poucos) leitores. Antes que a imaginação de vocês fique repleta de besteiras, irei explicar: essa crônica vai contar o dia em que eu descobri o que era um rabo quente (confesso que a frase ficou ambígua!).

Tudo começou quando a minha mãe, pediu para que eu fosse comprar o tal objeto para ela. Mas, o que seria um rabo quente?
- Filha, é simplesmente um aquecedor de água, que pode ser colocado diretamente na garrafa térmica e facilita o preparo do chimarrão. Todos aqui em Lages sabem o que é!
- Tá mãe, mas o que eu peço para o vendedor?
- Um rabo quente filha, ele vai saber.

Saí um pouco constrangida, mas não havia motivo, afinal, segundo minha mãe, todos sabiam o que era o objeto. Chegando à loja, tentei procurar, meio aflita. Imaginei que eu pudesse comprar sozinha, sem falar para ninguém o que eu queria. Não adiantou. O vendedor (tão jovem quanto eu) vendo minha busca incessante por algo que eu nem sabia o que era, resolveu “ajudar”:
- Posso ajudar?
- Moço, você tem rabo quente? – perguntei totalmente envergonhada.
- Err... Desculpa moça, mas eu tenho namorada...
- Não, você não entendeu! É para a minha mãe!!!
- Sinto não poder ajudá-la.
- Calma! Segundo ela, o rabo quente é só um aquecedor de água! E ela jurou que todos sabiam o que era! – a esse momento, eu já estava indignada com a mente perversa do vendedor!
E sim. O “aquecedor de água” ele tinha. Só não tinha rabo quente!

***

Falando em rabo, sábado teve pousada com as meninas (acredito que esse dia ainda vai render muitos textos aqui!) e tivemos uma ideia brilhante. Caso haja leitores com espírito empreendedor, aguardamos para por o grande invento no mercado.
Tudo começou com o dilema de uma amiga com o inverno e o cofrinho:
- Ai meninas! É tão ruim esse frio... Ás vezes eu coloco uma blusa mais curta e meu cofrinho aparece. Quase morro de frio!
- Amiga, a tua crise é pelo frio ou pela aparição do cofrinho?
- Pelo frio! O cofrinho sempre rende um extra, volto cheia de moedinhas!
Ouvindo o conflito, outra amiga teve uma ideia:
- Gente! Vamos lançar o tapa-cofre. Vai ser autocolante e confortável! Adeus a preocupação com cofrinhos indesejados!
-Brilhante, poderá ser de várias cores, conforme o estilo da pessoa!
- Sim! Terão os mais discretos, para pessoas clássicas, de uma cor só, os de pelúcia para os fashions e os com rabo, para os, digamos, ousados!
Nisso, observamos o silêncio da amiga que deu início à conversa:
- Não gostou da ideia?
- Óbvio que não.E minha renda extra, como que fica?

***

Pai, antes que eu esqueça, encontrei um anúncio ótimo no mercado livre, já que o senhor não aceitou minha oferta de cincão:
“Compro barba. Em bom estado, não muito grande. Preferencialmente na cor preta e de pais cuja família não aguenta mais. Pago bem.”

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Destesto o mundo real

Estou cansada desse mundinho de novelas. A história é sempre a mesma: o mocinho, um cara lindo, querido, simpático e perfeito conhece a mocinha, eles permanecem se olhando (não entendo como um olhar pode durar até o próximo capítulo!) perdidamente apaixonados. E é claro, viverão felizes para sempre, vivendo um belíssimo sentimento chamado amor. Amor? Não existe! Pelo menos não no mundo real. No meu mundo, a historia é (muito) diferente: a pobre mocinha encontra o seu vulgo príncipe “encantado” na night, fica com ele, acreditando na sua perfeição e no outro dia, o príncipe já é um sapo: não lembra do nome da mocinha e muito menos do seu telefone.
Desiludida, eu? Não. Apenas já descobri que príncipes encantados, em cavalos brancos, lindos e românticos, são exclusividade de contos de fadas. No meu mundo, príncipes não existem. O amor não existe. Não igual ao das novelas. Não igual ao dos contos de fadas. Detesto viver no mundo real.

Crônica escrita faz teeempo! Estava sem criatividade para escrever algo novo e como meus (três??) leitores estavam cobrando, aí está!!


Ahh!! O apelo PAI, FAZ A SUA BARBA continua... Até quando será que ele vai aguentar??

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A barba do meu pai

Hoje usarei o blog para uma causa social. Pelo bem da sociedade, faço um apelo: pai, faz a barba!
Já tentamos de tudo.O foco das discussões familiares é o mesmo a, no mínimo, cinco dias: a barba do meu pai.

Eu sempre disse que acho um charme homem com barba por fazer, porém, caro pai, esse não é o seu caso, por alguns simples motivos:
1.Você não precisa deixar a barba para ficar com cara de mais velho;
2.A barba te envelhece;
3.Você não tem barba o suficiente para deixar crescer;
4. O seu estágio já passou do charmoso "barba por fazer".

O diálogo do almoço de hoje foi mais ou menos assim:
- Amor, quando você vai fazer a barba?
- Nunca mais.
- Paizinho, você é lindo de qualquer jeito, mas esses fiapos, ops, barba estão te enfeiando.
- Eu me sinto bem assim.
- Mas você parece um terrorista *****ano, amor!
- O que mãe? Quer dizer que todos os mulçumanos são terroristas? Que preconceito!
- Não filho, eu disse cubano. Eles usavam barba...
- Mãe, Che Guevara era terrorista???
...
- O que será que o pai pretende com essa barba? Voltar ao bigodones talvez?
- Isso pai! Deixa o bigode que eu deixo também (meu irmão ficou radiante, o sonho dele é deixar só o bigode!)
- Não. Minha barba vai ficar assim. Não vou fazer nunca mais.
- Será que ele faz parte de algum clube secreto, e por isso ta deixando a barba??
- Ou então pode ter acontecido igual naquele filme, Todo Poderoso 2!!!
- Pai, agora sério (eu extremamente preocupada), o senhor vai construir uma arca?
- hehehehe.
- Não adianta crianças (para minha mãe, nós somos crianças!) é impossível descobrir o que se passa na cabeça do pai de vocês.

Na hora de ele ir embora, tentei mais uma vez, passando a mão pelo meu rosto com uma cara de decepção:
- O que foi filha?
- Pai... a barba, por favor!
- Não. Agora eu sou trash. Não faço mais. E próximo passo, será abolir os banhos!

E ele saiu, com um sorrisinho malígno de quem planeja algo. Pai, seja o que for que está passando pela sua cabeça, FAZ A BARBA, POR FAVOR!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Mulher Maravilha?

Meu exemplo. A mulher mais bela, inteligente e determinada que conheci. Modéstia a parte (bem a parte!) posso dizer que ajudei a construir a parte da determinação - afinal, lidar com tanta classe com uma Amanda, não é fácil.
Ela consegue ser inúmeras mulheres ao mesmo tempo: a professora dedicada, a sindicalista (desculpa mãe!) briguenta, a dona de casa aplicada, a mãe maravilhosa, a esposa perfeita!
Já cheguei a pensar, que ela só pode ser uma criatura sublime e que o dia dela dura, no mínimo, 48 horas! Trabalha de manhã, à tarde e à noite. Chega a casa por volta das dez horas, dá atenção à prole e vai dormir. Fim de semana, descanso? Não para a minha Super-Mãe. Cuida da casa, dos filhos e do marido, quando não tem provas para corrigir ou viagens para cumprir sua obrigação de cidadã.
E quando ela viaja... Fico sem chão! Pra mim, não tem coisa pior que voltar da balada e ela não estar ali, para compartilhar as novidades da festa comigo! E o almoço? Como eu vou saber que roupa vestir? E o beijo de boa noite?
Mas quando ela volta, com o sorriso no rosto e aquela carinha de dever cumprido... parece que nem foi tão difícil “sobreviver” em sua ausência. Vejo que sua luta, não é em vão, que ela pensa além do nosso mundinho e que se todas as pessoas fossem como ela...Ah! Teríamos o mundo perfeito!

Como diria o Drummond, em Para Sempre (lembra mãe?)

"Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
(...)
Mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho."

Te amo minha mãe, minha vida, meu orgulho!

Adoro o Destino

Acredito que a amizade nasce do nada. Minhas maiores amizades, foram sendo construídas aos poucos, tijolinho por tijolinho, até tornarem-se incrivelmente sólidas, capazes de aguentar até os mais terríveis furacões e vendavais.
São aquelas pessoas que me fazem rir, curtir cada momento, que dão conselhos e, se preciso, até puxões de orelha. São aquelas que sei que posso contar a qualquer hora, seja para comemorar uma novidade bombástica, ou para chorar.
Elas transformam baladas comuns em festas divertidíssimas (dá tchau pra lâmpada?), reuniões simples em eventos, conversas no msn em piadas!
Com elas, definitivamente, não tem tempo ruim, ou até tem. Mas bastam cinco minutos de conversa, que todas as frustrações e problemas vão embora.
Uma vez, li uma frase que dizia: os amigos são a família que escolhemos. Equívoco. Os amigos surgem, começam como estranhos, até que as afinidades vão sendo compartilhadas e quando menos se espera... Pronto! Essas figuras já se tornaram parte de nossas vidas, sem ao menos nos consultar... E pode acreditar, fica extremamente complicado sequer imaginar como seria viver sem eles.
Reformulando a frase: os amigos são a família que o destino resolve colocar em nosso caminho.
Então, só me resta agradecer muito a esse tal de destino, porque ele soube direitinho por pessoas maravilhosas ao meu lado!!

E por último, amo vocês minhas palhaças/troxas/mongas!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Minha antinha favorita

Só quem tem irmãos (mais velhos) sabe as alegrias e as inconveniências que eles provocam em nossa vida.

Certa vez, eu estava tranquila assistindo a um dos meus programas favoritos de moda na sala. Até que meu ilustre irmão chega:
- Amanda, coloca na Sport TV, vai começar o Arena!!
- Pode ser quando acabar esse programa? Eu estou assistindo querido maninho... (sim, sou um amor com meu irmão!)
- Ah... isso é programa de mulherzinha! Põe lá, vai!
- Mas eu sou mulherzinha!!
- Não, não é. Você é o Amandão, meu Brother! Coloca no Arena, vai!!

Além dos diálogos cultos, jogamos futebol no corredor do apartamento (normalmente minhas pernas ficam em um tom de roxo belíssimo), brincamos de brigas de gatos, em que ronronamos na perna dos nossos pais e quando o outro se aproxima ganha unhadas e mordidas, as dancinhas hilárias, que ele faz quando eu tento ter uma conversa séria, os lambos (não queiram saber que brincadeira é essa) e teve também uma inesquecível guerra de perfumes, antes de ir para a aula.

Apesar de um viver em função de incomodar e irritar o outro, tenho certeza que nos amamos, que as brincadeiras serão eternas, afinal, ele sempre será meu maninho mais velho e sempre estaremos juntos, um ao lado do outro, nem que seja pra gritar: guerra de perfumeee!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Pai, me dá uma carona?

Adoro ir para a faculdade de carona com o meu pai. Primeiro, porque não preciso acordar tão cedo e encarar a superlotação do ônibus. E segundo, porque as nossas conversas mais legais (dependendo do humor de cada um, claro!) ocorrem neste momento. Discutimos letras de músicas ( já ouviram a do boomboom? Nossa favorita!), cantamos às vezes (sempre quando eu começo, meu pai resolve encerrar a brincadeira. Será que tem algo a ver com a minha voz?) conversamos sobre o cotidiano e sobre coisas banais também.
- Pai, o senhor queria ser uma lagartixa?
- Depende filha, você gostaria de não ser tão chatinha?
...

Sem falar nas comparações entre os universos masculino e feminino:
- Animal de teta! (sim, meu pai tem xingamentos de trânsito muito originais)
- Nossa, pai! Esse dirige pior que eu... cortou a nossa frente!
- Aposto que é uma mulher...
- Não paizinho, é um homem!
- Coitado, deve estar com pressa. É compreensível o que ele fez!

E ele sempre diz que mulher tem mania de falar demais. Hoje, durante o nosso trajeto, ele me perguntou quando eu entrava em férias (conversamos sobre coisas úteis também!) respondi que minha última prova é na segunda-feira, mas depende, porque os exames vão até o dia 14, como eu não peguei exame na matéria que é dia 14, minhas aulas iriam até o dia 13, mas eu não sei se vou pegar exame na matéria do dia 13... Bom, não sei!
E ele teve a capacidade de responder que se fosse um homem, diria apenas “não sei.” Absurdo! Sem nenhuma explicação, apenas “não sei”? Nem tive tempo de discutir, estávamos chegando:
- Atenção para a aterrissagem!
- Preparada para a decolagem!
- Aterrissagem, filha, aterrissagem...
-DECOLANDO!Tchau boi, bom trabalho, amo você!

Enfim, um dos melhores momentos do meu dia acontece logo cedinho e tem como figura central o melhor e mais amado pai do mundo.

Desejos

Senti um desejo insaciável de escrever. Uma vontade imensa de ver letras aparecendo na tela, formando palavras, que formam frases, que geram um sentido. Sentido este que, às vezes, nem eu mesma compreendo. Mas senti esse desejo. Como o da fome, o de chocolate, o de amor – enquanto não for realizado, continua ali. E quanto mais tempo passa, mais aumenta. Pode ser esquecido, por uma distração, por uma prova ou por um outro desejo. Mas quando ele volta... Ah! Vem com todas as forças e não se deixa apagar novamente.
Inicia uma batalha: você contra ele. E não adianta. Por mais que lute, ele sempre acaba vencendo. Foi o que aconteceu comigo: fui vencida.
Porém, por outro lado, sinto-me livre deste desejo – está finalmente saciado. O problema é que (eu sei!) logo surge outro. Tão ou mais intenso e avassalador que este. E, certamente, perderei mais uma batalha.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Churrasco e Traição

Churrasco da faculdade. Ou seria “churrálcool”? Enfim, todos que passaram pela universidade conhecem bem esse tipo de festa: galera reunida, baralho, pouca carne e muita cerveja!
E sempre, sempre tem aquele colega que puxa um tema polêmico, capaz de fazer a turma do baralho largar o jogo e os restantes, os copos. Desta vez, a pergunta foi: “Vocês perdoariam uma traição?” Lembrei imediatamente do filme “Um Beijo a Mais”, em que o cara, amava muito a sua noiva, porém, ele estava achando a vida muito perfeita, sem a possibilidade de ocorrerem mais mudanças. Então, acaba se envolvendo com uma garota.
“Ah... se ele me contasse, eu perdoaria, sei lá, às vezes, foi só um impulso!”
Pronto. Foi o suficiente para eu ser tachada de garotinha ingênua e futura chifruda. A discussão continuou até que um colega disse: “Calma gente! Não adianta discutir: corno e fusca, um dia, todo mundo vai ter um.”
Um momento de silêncio e reflexão. A turma do baralho voltou ao jogo e os restantes, aos copos.

Crônica escrita no dia 25.04.2009, durante exercício proposto no Curso de Formação de Escritores, SESC – Lages.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Olhos de Gato

Estava com fome, procurando comida e infestado de parasitas: tanto externos, como internos. Não me sentia bem. Não sabia se valia à pena sobreviver. Uns seres, destes que vocalizam coisas que eu não entendo, que andam dentro de umas latas, fazendo um barulhão e poluindo tudo, chegaram perto de mim. Senti medo. Eu nunca gostei muito destes seres. Não sabia o que fariam comigo. Inicialmente, eles vocalizaram alguma coisa com um tom de pena. Realmente, minha situação era digna disso. Colocaram-me em uma caixa e me levaram para um lugar, aonde eu nunca havia estado antes.
Era alto, se aproximava do céu, porém, era cercado de concreto. A única visão da liberdade eram uns quadrados transparentes. O som do canto dos pássaros misturava-se com o das latas barulhentas. Chegando lá, uma jovem me recebeu, e as outras, cantavam alguma coisa, em tom de alegria. Vi um amor imenso em seus olhos. Os olhos dela eram idênticos aos meus. Percebi que aquela pessoa daria um novo significado à vida. A nossa vida.
A palavra que melhor definia Amália era, sem dúvida nenhuma, crise. Era extremamente indecisa. Não sabia se queria medicina ou direito, se gostava mais de chocolate branco ou preto, se vestia amarelo ou azul, se ficava com Airton ou Álvaro. E sempre, após suas decisões, chorava. Não importava o que decidisse, achava que tinha feito algo errado e acabado com sua vida. Era rotineiro: “como você está, Amália?” “Estou em crise”. E desmoronava. Extremamente sensível, tinha uma grande capacidade de amar. Magoava-se com facilidade, mas não conseguia demonstrar, nem guardar rancor. Enfim, era exatamente o que seu nome significava, além de uma pitadinha de crise.
Talvez por Amália ser assim, fui recebido e tratado como nunca havia sido antes. Livrei-me de todos os parasitas, tomei banho (argh!), ganhava a melhor comida do mundo, sempre prontinha. Sem falar que às vezes, quando eu era bonzinho, ganhava petiscos deliciosos. Adorava invadir o quarto dela, bem cedinho, subir em sua cama, andar sobre a sua cabeça e ronronar. E sentia que ela, apesar de inicialmente ficar furiosa por perder seus preciosos minutinhos de sono, adorava colocar-me embaixo das cobertas, para aproveitarmos aquele último soninho, juntos.
Eu não suportava ver a Amália em crise. Toda vez que ela ia para o seu quarto, jogava-se na cama e chorava, eu ia atrás. Deitava-me e, quando ela menos esperasse, dava uma mordida! Não me julguem antes de eu explicar: se eu ficasse ali, chorando junto, estaria alimentando a crise. Com a minha mordida, ela se irritava, brigava, gritava! E ficava tão ocupada comigo que até esquecia o motivo que a fez chorar. Minha técnica funcionou. Toda vez, antes de ficar triste, ela olhava para seus braços e logo abria um sorriso.
Infelizmente, aquele ambiente não era pra mim. Não gostava de apenas ouvir o canto dos pássaros, eu queria correr atrás deles. Queria sentir minhas patinhas na grama, na terra. Fui ficando agressivo. Eu queria de volta a minha liberdade. Mas não queria me separar da Amália. Ela entendeu isso, quando colocou uma saia e suas pernas estavam cheinhas de “marcas da paixão”, como ela costumava falar. Colocou-me dentro do carro, com todas as minhas coisas e me levou. Eu sentia que me separaria dela. Na viagem, tentei de tudo, inclusive vomitar. Como era muito preocupada,queria que ela pensasse que eu estava doente e que só os cuidados dela poderiam me fazer melhorar. Eu trocava a liberdade.
O local era lindo. Não tinha concreto. Era verde. Os pássaros cantavam pertinho de mim. Ela me olhou, com o mesmo olhar da primeira vez que a vi, porém, com uma lágrima caindo.
O tempo passou. Eu estava com os avós de Amália. Era muito bem tratado. E livre. Um dia, ela foi me visitar. O cabelo estava diferente, o perfume não era o que eu conhecia, sua expressão havia mudado. Mas o olhar era inconfundível: exatamente igual ao do primeiro encontro.

Impedimento

Futebol. Esta aí uma coisa quase indecifrável para a maioria das mulheres. É incrível como um bando de homens suados fascinam e prendem a atenção do universo masculino, a ponto de nada, nadinha tirar os olhos deles da TV. E incrível também como eles enlouquecem com as perguntas e dúvidas femininas.
Certo dia, para tentar entender tal fascínio resolvi assistir um jogo em companhia masculina. Confesso que minha primeira impressão foi péssima: não entendi o porquê de meias tão compridas e calções tão grandes se a maioria dos jogadores tem pernas lindas, que merecem ser admiradas. Uma dica para as leitoras, que resolverem se aventurar no mundo futebolístico: jamais teçam comentários ou façam perguntas a respeito da forma física dos jogadores, (ou das vestimentas "inadequadas" deles!) se não quiserem ser expulsas da sala. Ou da casa.
Após muita insistência e argumentos sobre minha pergunta, eles deixaram eu ficar, sob a condição de silêncio absoluto. O jogo corria normal, até que o time adversário fez um gol e eu não ouvi nenhum palavrão, nenhuma manifestação de tristeza e resolvi quebrar o voto de silêncio:
- Por que não foi gol?
- Ele tava impedido.
- Impedido de que?
- De fazer o gol, né? Não viu o bandeirinha marcar impedimento?
- O que é impedimento?
- É quando o jogador tá impedido!! Comentários femininos são tão brochantes! Se você não ficar quietinha, vai ser expulsa sumariamente.
Após a ameaça e a resposta esclarecedora, assisti mais um pouco, aconteceu um gol do "time de coração", no qual o jogador não estava impedido (?) e veio toda aquela comemoração esdrúxula, com abraços, beijos, gritos e correria.
Eu saí da sala e fui ler um livro. Mas se algum dia, uma alma caridosa com bastante testosterona, resolver me explicar o que é impedimento, ficarei extremamente grata!