quarta-feira, 2 de setembro de 2009

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Estava em minha casa, solitário. Sempre fui em homem de poucas palavras, poucos amigos e poucos sentimentos. Posso afirmar que foram raras as pessoas que eu realmente amei.
Em uma noite fria, recebi um telefonema: Roberto faleceu. Imediatamente a angústia e o remorso tomaram conta de mim. Ele não podia morrer, não agora. Não antes de resolvermos aquela antiga briga que tivemos no auge de nossa adolescência. Culpa do coração confuso da Antônia. Belíssima Antônia. Não fui ao velório. Jamais conseguiria olhar para Roberto naquele estado. Morto.
O dia nasceu nublado e frio, refletindo meu estado de espírito. Coloquei o sobretudo e fui ao enterro. Chovia e ventava, mas era a última oportunidade que eu teria para demonstrar o quanto, apesar de tudo, amava meu irmão.
Para minha surpresa, o motivo de nossa briga estava lá, linda como nos tempos de juventude. Senti meu coração bater mais forte, minhas mãos foram ficando úmidas e trêmulas, o ar parecia não vencer a demanda de meu corpo. Não. Eu não poderia reacender aquela paixão. Não hoje, com meu irmão em baixo da terra.

Conto escrito em um dos exercícios do Curso de Formação de Escritores. Estou meio nostálgica hoje, por isso, resolvi postá-lo!!!

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