segunda-feira, 31 de agosto de 2009

É Pai...

Meu pai conhece ditados populares, que são tão populares que ninguém nunca ouviu falar. O de hoje, durante a execução da lição de casa do meu priminho (o mesmo do show) e as idéias (quase mirabolantes) da Amanda foi esse:
"Tá bom isso daí já.
O Diabo enfeitou tanto os olhos do filho que acabou furando."

Agradecimentos ao pai, por estar sempre colaborando com situações e frases inusitadas para o blog!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Reunião Familiar

Ela volta da aula triste e com os olhos cheios de lágrimas. Chegando a casa, senta-se e almoça em silêncio.
- Filha, aconteceu alguma coisa?
- Depois do almoço convoco reunião familiar na sala. Assunto urgente e de extrema prioridade.
- Você não tá legal. Alguma notícia triste?
- Depois do almoço.
A frieza da garota toma conta da cozinha. Agora, observa-se em todos os olhares a curiosidade e preocupação. Exceto no dela: este se encontra repleto de angústia e medo. Seria esse o momento adequado de fazer essa revelação? Ela não sabia como reagiriam. É a primeira a terminar o almoço. Vai diretamente para a sala onde aguarda, em pé e ansiosa, os outros integrantes da família.
Todos chegam. Ela sinaliza para que sentem. Um nó forma-se na sua garganta. As palavras não saem. Seus pensamentos entram em lapso. Fica imóvel e muda.
- Ooow maninha?! Vamos de uma vez com isso! Tenho mais o que fazer!
- Calma. A notícia não é agradável. Preciso me preparar.
- Para com isso e fala de uma vez! Quem que morreu?
Risos nervosos tentam dominar e aliviar a tensão do ambiente.
- Por enquanto ninguém "querido maninho". Mas se não ficar em silêncio, poderá ser o próximo.
O silêncio mortuário volta. Realmente, ela não está para brincadeiras.
- Ok. Vamos começar a reunião. Convoquei todos porque precisava fazer um comunicado urgente. O acontecimento refere-se somente a minha vida. Porém, achei digno informar a vocês, afinal, são minha família.
- Filhota, estou ficando apreensiva, fala logo!
Ela respira fundo e...
- ESTOU GRÁVIDA!
***Sua mãe quase desmaia, seu pai diz que quer morrer...***
- Como assim? Quem é o pai?
- De quanto tempo minha filha? Você nem namorado tem...
- Yes! Vou ser titio! É menino ou menina mana?? - Sim. Ela tinha um irmão sem noção.
A casa virou. O silêncio deu lugar a uma histeria. Todos falavam ao mesmo tempo, faziam inúmeras perguntas a ela, "e o futuro desta criança?". A garota estava com um olhar leve e um sorrisinho no canto dos lábios.
Quando a situação estava ficando extremamente caótica resolveu falar:
- Ei! Silêncio galera! - começou a gargalhar - não acredito que vocês caíram nessa! "Pegadinha do Malandro"! Ham?! Ham?! Essa foi boa, né?
O olhar dos seus familiares era de raiva e alívio. "Apesar do susto, melhor assim" pensava a mãe.
- Mas... filha, então a reunião foi pra nada?
- Não mãe! Realmente eu tenho que falar com vocês. - ainda dando risada das caras assustadas - É que eu... bem... reprovei em parasitologia!
- O que?? - percebia-se a ira no olhar de sua mãe.
- Calma, antes uma reprovação do que um netinho, não acha?!
Deu um sorrisinho, acompanhado de uma piscadela e foi para o seu quarto, tranquila e serena. Os membros da família ficaram na sala, incrédulos da capacidade da garota de criar toda uma história para não ganhar castigo. "É, um netinho seria bem pior!" Pensou a mãe, já conformada com a reprovação.


Queridos leitores, antes que comecem a perguntar, claro que a garota da história não sou eu! Vocês acham que eu inventaria tamanha mentira?
Tá... confesso. Eu bem que tentei, mas comecei a rir na hora de dizer que eu estava grávida!

E "leitores anônimos": adoro quando deixam comentários. Ajudam a saber se vocês estão gostando e me estimulam a escrever!

domingo, 16 de agosto de 2009

Cream Cheese

Fomos eu e meu irmão ao mercado fazer as compras do mês. Passando pela seção dos frios, vejo cream cheese:
- Mano, o cream cheese acabou e tá na promoção, vamos levar?
- Não. Não precisa.
- Mas olha esses com sabores! Tem de ervas finas, salame com pepino, queijo(?)...
- Salame com pepino?! Vamos levar!
- Ah não! Ervas finas ou tradicional!
- Ervas finas é coisa de viadinho! Imagina meus amigos chegando lá em casa e eu servindo coisinha de ervas finas... Nem pensar. É o de salame com pepino.
- Realmente... Salame e pepino são comidas extremamente másculas!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Delícias da Vó

Minha avó materna é uma cozinheira de mão cheia. Faz banquetes maravilhosos toda vez que almoçamos lá. Isso sem falar no bolo de manteiga, na rosquinha de coalhada e nas bolachinhas. Tudo feito com muito capricho e carinho. E é incrível como minha mãe vive tentando imitar as comidinhas deliciosas da vó:
- Crianças, fiz bolo de batata!
- Ta gostoso mãe...
- Parecido com o da vó?
- Aí já é pedir de mais!!!
Ou então:
- Olha que delícia que ficou meu bolo de manteiga! Vai dizer que não tá que nem o da vó?!
- Desiste mãe! Ta gostoso, mas o da vó...hummmm!
E esses dias, o meu pai (um super especialista de sopas) foi fazer uma canja. O objetivo: ficar igual à da vó.
- Que delicia pai! Ta ótima a canja!
- É... até que ficou gostosa. Mas não chegou nem aos pés das da vó Ivone... – falou ele, já conformado com o posto inatingível de “igual ao da vó.”
Apesar de a vó jurar que não existe segredo mágico nenhum e dizer que passa todas as receitas certinhas pra mãe, eu não acredito. Tem algum mistério que ela nunca irá revelar, para que a gente sempre continue idolatrando sua culinária.
E,incrivelmente, sempre quando estamos lá “lambendo os beiços” diante de tantas maravilhas e enchendo minha vó de elogios, o vô sempre diz:
- É...até que dá pra comer!

sábado, 8 de agosto de 2009

Meu Ídolo

Hoje, véspera do dia dos pais, não poderia deixar de homenagear o meu super-herói: o Sr. Adalberto Wolff Tavares, o melhor pai do mundo!
Sim paizinho, eu sei que “dia dos pais” é apenas uma data inventada pelo comércio para aumentar as vendas, assim como dia das mães, das crianças, dos avós e dos animais de estimação. Eu sei que todos os dias são dias dos pais (e todos das mães, das crianças...) e que você, sem dúvida nenhuma merece ser homenageado em todos eles.
Mas aproveitando a ocasião especial (inventada pelo comércio, eu sei!) gostaria de te dizer o quanto me sinto privilegiada de tê-lo como meu paizinho. Não sei o que seria de meus dias sem a tua presença, sem teu carinho, sem teus abraços e beijos, sem tuas brincadeiras (sem graças às vezes!) e, confesso, até sem as tuas reinas. Você, papai, é um personagem indispensável na minha peça. É o responsável pelo ar dramático às vezes e pelo tom cômico na grande maioria delas. Sem você, minha peça seria insossa: sem emoções e sem risadas. Com certeza, sem você, meu super personagem, ela não passaria da estréia. Graças a tua presença, já estamos vinte anos em cartaz!
Pai melhor que você simplesmente não existe. Palavras não são capazes de expressar nem um décimo da admiração que sinto por você. Pai, Papai, Papy, Paizinho, meu Paizão! Te amo do tamanho do universo inteiro e quero sempre você pertinho de mim

Infância

Nunca tive dúvidas com relação ao meu tipo favorito de seres humanos. As crianças sempre ficaram a frente, disparadas. Não sei se pela sinceridade, ou se por, ao lado delas, eu voltar a minha infância.
Brincar, correr, sentar no chão sem medo de sujar o vestido e jogar bola sem cair do salto alto. Imaginar, criar, ir para um mundo desconhecido, só meu e delas. Nesse mundo, posso ser princesa ou vilã, mocinha ou bruxa. Posso construir castelos, mansões ou casas de chocolate. Posso estar em qualquer lugar, com quem eu quiser. Nesse mundo, não existem problemas. Que dizer, até existem... “Amanda, o fulano me beliscou!” “Tadinho, toma dez gotinhas do remédio invisível que melhora, oh, mas tem que engolir, ta?” Quem dera se todos os problemas “adultos” pudessem ser resolvidos com algumas gotinhas invisíveis ou com a pomadinha mágica. Quem dera voltar ao passado e ser criança. Só mais uma vez.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Céu Azul

As montanhas que ficam além do meu jardim parecem querer me mostrar um único lugar: o céu azul. Indicam em sua direção, querendo dizer que lá tudo está bem. Que eu ficarei bem. Que foi melhor assim.
O céu está riscado por pequenas nuvens, que ora formam desenhos, ora se abstraem. Sinto que essas nuvens me representam. O meu antes e o meu agora. Agora sou abstrata.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Espontaneidade Infantil

Sempre adorei crianças. E sempre adorei as situações constrangedoras que elas provocam. Claro que quando vão sair com a “tia Amanda”, são muito bem orientadas: honestidade total com todos, menos comigo.
Este ano resolveram trazer para Lages, durante a Festa do Pinhão, o show do NXzero. Tentei imaginar mil maneiras de como eu iria me divertir em um show que não combina nem um pouco comigo e ofende meu gosto musical. Para minha surpresa, meu primo de nove anos os adorava, cantava todas as músicas e fazia apresentações no colégio imitando tal banda. Pronto. Resolvido. Ele vai comigo.
Um sorriso imenso apareceu no rostinho dele. E uma expressão de espanto no da minha madrinha. E fomos.
Inicialmente, éramos só nós dois andando pelo parque, tomando chocolate quente e brincando no carrinho de choque. Confesso que ele dirigia melhor que eu. E que eu não perdia nenhuma oportunidade de bater no carrinho dele.
Quando estava próximo ao show, uma amiga minha levou o irmão, coleguinha de sala dele (e parceiro de apresentações!) para assistir conosco.
Começou o show, as crianças se empolgaram e os adultos se irritaram: “Cara, como um grupo só pode ter tanta música? E todas ruins?”
Mas a diversão (constrangimento?) começou quando um cara resolveu vir conversar comigo. A hora que viu que eu estava com uma criança, tentou ser simpático:
- Oi cara, tudo bem – e estendeu a mão.
Meu “acompanhante” apenas olhou para a mão dele (com uma cara que já dizia tudo) e falou:
- Vaza. Dá meia volta e some.
O cara, não contente tentou continuar conversando comigo. Não deu outra. O meu primo simplesmente começou a chutar e soquear, até ele sair correndo e não voltar mais.

Outro sujeito ouviu mais ou menos isso:
- Qualé Magrão? Ta pensando o que? Bom, eu vim pra assistir o show, mas pelo jeito vou ter que dar porrada. Se eu fosse você, vazava.

E outro ainda:
- (voz irônica) É filho?
- Sim. Sou filho dela e nem pense em mexer com minha mãe.

Quando acabou o show, os olhinhos dele estavam brilhando:
- Gostou do show Guguinha?
- Gostei... (sorrisinho maléfico) e gostei mais ainda de dar fora naquele monte de cara!

Nem preciso dizer que meu pai e meu irmão propuseram à inocente criança que me acompanhasse em todas as festas. E, por incrível que pareça, me diverti muito com ele e acharia ótimo mais uns shows daqueles!!


Amiga Elisabeth, senti-me extremamente envergonhada, de você vir visitar o blog e ele não estar atualizado. Por isso hoje resolvi colocar dois textos de uma vez só: o anterior era da categoria "impublicáveis", durante minha crise. Espero que goste e saiba que adoro suas visitas!

Abraços,
Charlotte

Sobre a Invisibilidade

Acredito que existem coisas invisíveis. Ou melhor: que existem pessoas invisíveis. Talvez exista algum mecanismo no nosso cérebro, que envie uma mensagem: “agora tal pessoa não poderá te ver.” Ou isso pode ser apenas uma maneira de me conformar. A pessoa simplesmente pode querer não me ver. O motivo? Não sei... E acho que nunca saberei. Estava indo tão bem, conversinhas legais, promessas de reencontro e quando nos encontramos casualmente... “Muito prazer, Amanda, Mulher-Invisível.” Acredito na miopia. Até um ponto. Depois daquele oizinho simpático, ele sabia onde eu estava e não veio conversar. Ele sabia que, discretamente, eu passaria centenas de vezes por ele, esperando ele chamar meu nome, me puxar e falar comigo. E ele sabia que, de tudo isso, eu sabia. Porém, a invisibilidade veio antes. E lá estava eu, visível aos olhos de todos, menos aos dele.