quinta-feira, 25 de junho de 2009

Pai, me dá uma carona?

Adoro ir para a faculdade de carona com o meu pai. Primeiro, porque não preciso acordar tão cedo e encarar a superlotação do ônibus. E segundo, porque as nossas conversas mais legais (dependendo do humor de cada um, claro!) ocorrem neste momento. Discutimos letras de músicas ( já ouviram a do boomboom? Nossa favorita!), cantamos às vezes (sempre quando eu começo, meu pai resolve encerrar a brincadeira. Será que tem algo a ver com a minha voz?) conversamos sobre o cotidiano e sobre coisas banais também.
- Pai, o senhor queria ser uma lagartixa?
- Depende filha, você gostaria de não ser tão chatinha?
...

Sem falar nas comparações entre os universos masculino e feminino:
- Animal de teta! (sim, meu pai tem xingamentos de trânsito muito originais)
- Nossa, pai! Esse dirige pior que eu... cortou a nossa frente!
- Aposto que é uma mulher...
- Não paizinho, é um homem!
- Coitado, deve estar com pressa. É compreensível o que ele fez!

E ele sempre diz que mulher tem mania de falar demais. Hoje, durante o nosso trajeto, ele me perguntou quando eu entrava em férias (conversamos sobre coisas úteis também!) respondi que minha última prova é na segunda-feira, mas depende, porque os exames vão até o dia 14, como eu não peguei exame na matéria que é dia 14, minhas aulas iriam até o dia 13, mas eu não sei se vou pegar exame na matéria do dia 13... Bom, não sei!
E ele teve a capacidade de responder que se fosse um homem, diria apenas “não sei.” Absurdo! Sem nenhuma explicação, apenas “não sei”? Nem tive tempo de discutir, estávamos chegando:
- Atenção para a aterrissagem!
- Preparada para a decolagem!
- Aterrissagem, filha, aterrissagem...
-DECOLANDO!Tchau boi, bom trabalho, amo você!

Enfim, um dos melhores momentos do meu dia acontece logo cedinho e tem como figura central o melhor e mais amado pai do mundo.

Desejos

Senti um desejo insaciável de escrever. Uma vontade imensa de ver letras aparecendo na tela, formando palavras, que formam frases, que geram um sentido. Sentido este que, às vezes, nem eu mesma compreendo. Mas senti esse desejo. Como o da fome, o de chocolate, o de amor – enquanto não for realizado, continua ali. E quanto mais tempo passa, mais aumenta. Pode ser esquecido, por uma distração, por uma prova ou por um outro desejo. Mas quando ele volta... Ah! Vem com todas as forças e não se deixa apagar novamente.
Inicia uma batalha: você contra ele. E não adianta. Por mais que lute, ele sempre acaba vencendo. Foi o que aconteceu comigo: fui vencida.
Porém, por outro lado, sinto-me livre deste desejo – está finalmente saciado. O problema é que (eu sei!) logo surge outro. Tão ou mais intenso e avassalador que este. E, certamente, perderei mais uma batalha.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Churrasco e Traição

Churrasco da faculdade. Ou seria “churrálcool”? Enfim, todos que passaram pela universidade conhecem bem esse tipo de festa: galera reunida, baralho, pouca carne e muita cerveja!
E sempre, sempre tem aquele colega que puxa um tema polêmico, capaz de fazer a turma do baralho largar o jogo e os restantes, os copos. Desta vez, a pergunta foi: “Vocês perdoariam uma traição?” Lembrei imediatamente do filme “Um Beijo a Mais”, em que o cara, amava muito a sua noiva, porém, ele estava achando a vida muito perfeita, sem a possibilidade de ocorrerem mais mudanças. Então, acaba se envolvendo com uma garota.
“Ah... se ele me contasse, eu perdoaria, sei lá, às vezes, foi só um impulso!”
Pronto. Foi o suficiente para eu ser tachada de garotinha ingênua e futura chifruda. A discussão continuou até que um colega disse: “Calma gente! Não adianta discutir: corno e fusca, um dia, todo mundo vai ter um.”
Um momento de silêncio e reflexão. A turma do baralho voltou ao jogo e os restantes, aos copos.

Crônica escrita no dia 25.04.2009, durante exercício proposto no Curso de Formação de Escritores, SESC – Lages.